Olho para o touro. E vejo um animal selvagem. Com o propósito de ser defendido e protegido. Não com o propósito de ser utilizado, mal-tratado aos olhos de uma plateia, muito menos uma plateia cheia de crianças.
A tourada é um espetáculo extremamente violento que se baseia em maus tratos de animais, para nossa revolta. Para além de extremamente violento, agora quer-se grátis, para crianças menores de 12 anos. Espera-se que crianças entendam a natureza do culto sangue? Que uma criança veja um “espetáculo” que pode não só “ferir a suscetibilidade dos espectadores” chamando a atenção para a natureza sangrenta contra os animais e a própria violência que por vezes resulta em feridos graves ou até em mortos.
Será a tourada um culto de sangue? Sem dúvida.
E cada vez se quer mais cedo. Nós somos fruto das nossas experiências. Para que se perceba, aquilo que se espeta no touro denominando de “bandarilha” é retirado logo após a lide do animal sem qualquer assistência veterinária. O processo é feito pelo “embolado” que tem usar uma faca para cortar a carne do touro e puxar as lâminas cravadas. Os touros ficam no camião, sem qualquer tipo de assistência veterinária. Feridos e com lesões profundas, são ilegalmente transportados para o matadouro. Todo este espetáculo degradante é considerado “tradição”, “arte”, e “cultura” no meu país, pelo lobby da tauromaquia.
Gostaria de saber, que outros espectáculos culturais em Portugal foram incluídos no relatório de avaliação do Comité dos Direitos da Criança da ONU, com pronunciamento explícito sobre o seu carácter nefasto para o desenvolvimento saudável dos jovens? Que outros espetáculos culturais são tão selváticos ou degradantes? Tanto para o humano, como para os animais? Gostaria de saber porque é que o governo protege este culto do sangue, que agora recruta crianças de todas as idades? Não é pela sua “tradição”. Misturar crianças com cheiro a sangue parece-me no mínimo sádico!