Eutanásia: o direito à morte!

0

Esta semana 482 médicos e enfermeiros assinaram a petição “profissionais de saúde apelam à despenalização da morte assistida” que foi criada no início de Janeiro. Neste país que deveria ser laico, mas que se comprova na maneira como regula e legisla que não o é, pondo os interesses religiosos e ideológicos de cada partido à frente dos do cidadão.

A palavra eutanásia causa medo nas bancadas fanático-cristãs do PSD e do CDS, onde parecem ser intelectualmente incapazes de perceber que a despenalização da eutanásia é o caminho a seguir para proporcionar a alguém uma morte indolor ou para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável. O primeiro país no mundo a permitir a eutanásia foi a Holanda. E que seja tomada com a devida nota: foi há 15 anos. Existem pessoas, em puro sofrimento, com a plena capacidade de decidirem se querem morrer e não podem. Depois segue-se a Suíça, com a conhecida clínica Dignitas. A Bélgica, Luxemburgo, a Alemanha, a Colômbia e nos Estados Unidos da América a eutanásia é permitida em seis estados: Washington, Oregon, Vermont, Novo México, Montana e Califórnia.

Acho inacreditável que ainda estejamos sujeitos às opiniões da igreja. Que sejamos ditados pela mesma. Escondidos pelas ideias da igreja católica os argumentos contra a eutanásia são o argumento de que “matar é intrinsecamente errado” do ponto de vista moral é pecado, tabu e irá ser punido com um castigo de Deus. Faz me lembrar o filme “Tróia”, também eles eram punidos com o castigo dos deuses, mas não foram. “O catolicismo considera que a vida é uma dádiva de Deus e não permite o suicídio”. O professor auxiliar da UCP, Luís Capelas, considera que a “vida não é referendável” e o padre José Manuel Pereira de Almeida considera falaciosa a argumentação dos defensores da eutanásia por entender que “confundem o fim do sofrimento com o fim da vida”. Exactamente, o nosso direito próprio, o de cada cidadão, a morrer não devia ser digno de nenhum referendo baseado em ideias políticas ou religiosas, normalmente arcaicas, impostas pelo Estado. E nós, os defensores da eutanásia, não confundimos o fim do sofrimento com fim da vida, por não aguentarmos sofrer mais alguém escolhe não viver mais.

Tudo isto me parece bastante lógico, na minha cabeça. Talvez a igreja católica precise de ser actualizada, tal como os meninos de coro do PSD e do CDS que provavelmente nunca viram os dias de alguém serem convertidos em medicamentos para as dores que deixam de ser eficazes e em que sua existência passa a ser apenas uma sombra esquecida de uma pré-existência fantasmagórica entupida em morfina controlada. Não deve ser o estado que legisla sobre a minha morte, enquanto cidadã pensante e autónoma, muito menos quando o próprio estado não se rege pela autonomia independente, mas pelos valores da igreja católica sem pensar no bem estar do cidadão!

Deixe um comentário. Acreditamos na responsabilização das opiniões. Existe moderação de comentários. Os comentários anónimos ou de identificação confusa não serão aprovados, bem como os que contenham insultos, desinformação, publicidade, contenham discurso de ódio, apelem à violência ou promovam ideologias de menorização de outrém.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.