Como a nossa saudade, sanuk é uma palavra só existente em tailandês. Significa “alegria nas pequenas coisas”, esse dom tantas vezes esquecido passados os tempos de meninice. Que de quando em quando desperta. Qual varinha, as viagens têm o condão de acordar a vossa Maryan Pan para (mais) sanuk. As Terras do Sempre são o norte da Tailândia (incluindo Banguecoque “fora do circuito”), o Laos e o Camboja (Angkor Wat). Esta fotorreportagem começa pelo antigo reino do Sião, hoje um país budista moderno e multicultural, mas de raiz animista e onde a superstição e, também, a “fofice”, nos surpreendem – e alegram – em cada canto e a cada passo.



Chiang Rai, cidade que se tornou famosa pelo seu out of the blue, totally branco-nacarado-rococó White Temple, um invulgar encontro entre o profano e o sagrado. Apogeu do kitsch, celebra o triunfo das forças do bem sobre o mal. Sob a mesma estrutura, Budas e criaturas ‘fofinhas’ convivem com demónios, aliens, terminators, tartarugas-ninja, Bin Laden e até com o Michael Jackson. O criador é anti-cultura pop-hollywoodesca e vê todas as suas personagens como antagonistas. É literal e metaforicamente um pagode! E, na aldeia dos tigres dançantes, o totally blue Blue Temple, pincelado a majorelle com os seus tetos trabalhados e paredes a contar a história da vida do Buda com primazia para a cor primordial.



Com esta lua cheia, começa o festival Loy Krathang, a razão para esta viagem estar a acontecer agora. Em três palavras, água, luz e fé. As celebrações iniciaram-se há uma semana e, em Bangkok, nós e muitas dezenas de milhares de tailandeses, subimos em filona-peregrinação-indiana o Golden Mount. Curiosa esta frase, antes de os tailandeses serem budistas eram hindus. Por aqui acredita-se que o rei atual, Rama X, é a reencarnação humana do deus Vishnu.









Fotografias de Mariana Beleza Tavares.