Quando me candidatei às primárias abertas do Partido LIVRE em fevereiro de 2019, era uma cidadã desde sempre interessada pela política nacional mas sem passado político nem envolvimento partidário, pela simples razão de não me rever na conduta ética da maior parte dos partidos políticos existentes em Portugal e também porque o ideário desses partidos não vinha integralmente ao encontro das minhas preocupações e sensibilidade. Tudo mudou quando me inteirei dos princípios defendidos pelo LIVRE desde a sua fundação, que aliam um forte europeísmo e ecologia aos valores da esquerda progressista. As primárias abertas, como sistema icónico da democracia participativa presente no LIVRE e em mais nenhum outro partido, permitiu-me materializar os pressupostos que eu defendia e nos quais me revia totalmente.
Enquanto feminista interseccional, uma das principais causas em que acredito e que procuro difundir é a igualdade de género. Longe de ser um problema do passado, a temática da igualdade de género em todas as esferas sociais e profissionais é uma problemática fulcral e ainda por resolver. Vivo numa região onde existem várias fábricas têxteis e sei, pelo contacto direto com trabalhadoras, que os salários de homens e mulheres para trabalhos iguais não são efetivamente iguais, porque elas recebem menos. Conheço mulheres que são quadros de grandes empresas que ganham menos que os seus pares homens, tendo tarefas e responsabilidades iguais. O problema existe e é real. Sou, também por isso, pela paridade salarial em qualquer área profissional, permitindo a solidificação desta equidade tanto em oportunidades de carreira como em retorno financeiro. Acho ainda importante o sistema de quotas para que se consiga corrigir uma desigualdade histórica, particularmente no contexto político, um contexto ironicamente resistente às mudanças. Sou pró-escolha desde a eutanásia até ao direito à interrupção voluntária da gravidez, para assegurar a autodeterminação reprodutiva e corporal de todas as pessoas. O LIVRE prima pela defesa destes princípios no seu programa político e ainda em todas as suas materializações internas, fazendo questão de ter, por exemplo, total paridade na elaboração das listas dos candidatos e das candidatas para as legislativas.
Enquanto cidadã e educadora preocupada com o futuro do planeta, a ecologia é um tema que me interessa e é também essencial para o partido que propõe um Green New Deal (um Novo Pacto Verde) para o país e para a Europa. Indo mais longe nesta ideia, defendo o ecofeminismo, já que as mulheres estão na linha da frente a sentir o impacto da atual crise ecológica, constituindo 80% dos refugiados climáticos. Para além destes efeitos, as mulheres são ainda as mais afetadas pela gentrificação, exploração laboral, exaustão de recursos, pela financeirização e pela privatização das infraestruturas sociais, por serem as mais vulneráveis ao desemprego e à precariedade, ainda com uma grande luta no que diz respeito à dupla jornada de trabalho em muitas casas. Fomentar políticas de maior justiça social e igualdade de género, aliadas a medidas que criem justiça climática, parecem-me ser os pilares de um programa essencial para resgatar o futuro.
A defesa da multiculturalidade foi outro tema que me aproximou do LIVRE, por defender medidas que fomentam o respeito pelas diversas culturas e pressupor valores antirracistas, anticolonialistas e antixenófobos, de dever humanitário para com refugiados e de recetividade com imigrantes, junto com a necessária facilitação à integração. Não vejo a variedade cultural e a abertura à imigração como uma mera tolerância, mas sim como uma mais-valia social, cultural e também económica.
Entendo que é com a Educação que um país muda e são as novas gerações que frequentemente fazem a evolução dos costumes e a mudança de mentalidades essencial ao progresso humanitário, por isso, a inclusividade LGBTQ+ representa um assunto que me é particularmente caro, porque acredito numa educação direcionada para a aceitação de todas as orientações sexuais e identidades de género, bem como o direito ao casamento homoafetivo, à coadoção e adoção por famílias homoparentais, sem esquecer a autodeterminação de género de todas as pessoas e a punição legal para as discriminações tal como para os crimes de ódio, medidas preconizadas também pelo LIVRE.
Por último, o LIVRE é ainda uma mais-valia para o Porto, círculo por onde me candidato, uma vez que apresenta no seu programa para as legislativas medidas que incentivam a melhoria da rede pública de transportes e aponta um investimento de 10% em habitação pública, dois dos problemas que afetam diretamente muitos portuenses, particularmente de classe baixa e de classe média.
As forças de progresso precisam de partidos como o LIVRE, que respondam às necessidades urgentes do planeta que está sob ataque feroz há décadas e da sociedade que não pode tolerar mais desigualdades e injustiças, exigindo sem mais demoras o que devia ser elementar: mudar o paradigma em que apenas alguns usufruem de privilégios e tornar Portugal mais justo com uma sociedade livre de opressão e exploração.
Filipa Pinto
Professora do Ensino Secundário na escola pública,
candidata do Partido LIVRE pelo círculo do Porto,
feminista interseccional e mãe.
Parabéns 👏