A 26 de agosto comemora-se o Dia Internacional da Igualdade Feminina. Esta exigência de igualdade, temos de reconhecer, não está ainda cumprida em nenhum país. Se nos países ricos do mundo ocidental ou ocidentalizado já existe igualdade formal de direitos e na legislação, em muitos países do mundo as mulheres continuam a não terem os seus direitos humanos mais básicos respeitados e não usufruem dos mesmos direitos acessíveis aos seus compatriotas masculinos. Muitas delas vivem em forçada subserviência legal (ou, quando não legal, de facto) aos homens da sua família ou seus tutores. A pobreza atinge sobretudo mulheres e crianças – o que é ainda mais dramático nos países em desenvolvimento. Problemas de saúde específicos das mulheres, como a mortalidade materna, são riscos reais e muito potencialmente mortais para mulheres de muitos países.
Mas mesmo nos países onde existe igualdade legislativa e de direitos, a igualdade efetiva está longe de ocorrer. Não existe igualdade de rendimentos, donde, não existe igualdade do leque de escolhas acessível aos dois sexos – perduram em todos os países desigualdades salariais entre homens e mulheres. Não existe igualdade de representação política e de acesso a cargos com poder de decisão política e económica – os decisores, geralmente homens, continuam a arredar as mulheres dos lugares cimeiros na política e nas empresas, sempre que a inexistência de quotas lhes permite a veleidade. As especificidades da reprodução feminina não são tratadas com igualdade, usando-se a capacidade de reprodução das mulheres contra as mulheres – tanto para as constranger socialmente como profissionalmente. Não existe igualdade na liberdade de expressão, porque o bullying às mulheres que participam publicamente (incluindo por líderes misóginos como Trump e Bolsonaro) é significativamente superior ao dirigido aos homens. Ou porque nos media e nos fórums de discussão continuam a aceitar-se naturalmente os all male panels. Não existe igualdade nas consequências das políticas públicas para os dois sexos – as políticas de austeridade têm um significativo maior impacto nas mulheres, por exemplo. Não existe igualdade sequer na construção do mundo – como Caroline Criado Perez explica, o mundo é construído tendo em conta o homem mediano.
Há muito para melhorar, em todos os países.