Capital Magazine comenta Eleições Europeias 2019

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Vamos colocar comentários de vários autores ao longo da noite eleitoral.

23h00 – Estou contente com os resultados, por, se calhar, estar em coligação negativa: perdeu quem eu gostava que perdesse. Le Pen ganhou em França mas desceu face às últimas eleições. Tirando Itália, a alt right não fez figura brilhante.

E, por cá, o Chega não foi a lado nenhum (e os peralvilhos que se coligaram com André Ventura, tentando ser eleitos à sua conta, hélas, correu mal). O Aliança – nada mais que um projeto de vaidade pessoal – teve o resultado merecido. E a IL mostrou que pessoas convencidas que a vida são as redes sociais não têm sucesso fora das redes sociais. Ah, e que os eleitores não gostam de votar em quem visivelmente não tem o bem comum como fim. Um partido que coloca no seu manifesto as diferenças entre homens e mulheres (com a intenção que sempre se tem com esta conversa) merece um péssimo resultado.

Os vencedores que façam o melhor em defesa dos valores europeus – tolerância, liberdade, igualdade de direitos, abertura ao mundo, defesa de minorias, sustentabilidade ambiental, valorização da diversidade e, claro, defesa intransigente de igualdade de direitos, liberdades e oportunidades de ambos os sexos.

 

22h05 – Maria João Marques

1. Pela UE cresceram os partidos ecologistas (e que, na maioria, nada têm a ver com os nossos comunistas ecológicos da CDU nacional) e os partidos liberais (sobretudo com Macron e com os Liberais Democratas do Reino Unido). Por cá, o PAN – e muito merecido – também cresceu e deverá eleger um eurodeputado. Liberais é que não há – porque, em boa verdade, nem o Aliança nem a IL são partidos liberais; ambos são partidos conservadores que gostam de liberdade económica.

2. Marisa Matias teve um ótimo resultado. Foi muito boa candidata, concorde-se ou não com a sua agenda. E foi a única mulher cabeça de lista. Parabéns, fico contente com este resultado.

 

21h10 – Maria João Marques

Fala-se em abstenção, mas a verdade é que os partidos que falam do tema que mais interessa às gerações mais novas (e, em certa medida, aos pais das gerações mais novas) – a sustentabilidade ambiental – subiram em toda a UE. Incluindo o PAN, e com todo o mérito. Se calhar o que se passa é os partidos nem todos falarem do que interessa a quem vota. E, quem fala, tem votos.

 

20h15 – Pedro Braz Teixeira

A maior surpresa das projecções: o PAN, em taco a taco com o CDS.

Outras surpresas, menores, forte queda do PC e subida do BE.

19h25 – Maria João Marques

Enquanto não temos projeções, e só sabemos números de abstenção (quase 70%) que não tenho paciência para o discurso moralista sobre a abstenção. É sabido como as pessoas têm maior afinidade aos processos que são mais próximos – havendo maior possibilidade de os influenciar – e indiferença com as realidades mais distantes. A União Europeia é distante, o Parlamento Europeu é só um dos órgãos que diz e decide coisas na UE (e a maioria dos eleitores não sabe exatamente o que faz o PE – e também nem é problema de falta de informação, é mesmo de toda a gente ter prioridades daquilo que quer saber, que o espaço mental não chega para tudo), em boa verdade Portugal elege 21 eurodeputados em mais de setecentos, é lícito que os eleitores questionem se vale a pena votar nesse pequeno quinhão de poder,

Por outro lado, não vejo qualquer problema de termos eleitores que não se revêem nos partidos (sempre ou circunstancialmente) e que por isso não votam. É tão lícito como votar em branco. E se os eleitores estão desinteressados e não querem saber, bom, queremos mesmo que pessoas indiferentes, desinformadas e desinteressadas nos processos políticos decidam sobre eles? Há quem esteja zangado com o sistema? Também têm direito.

Não há qualquer motivo para os que votam verterem superioridade moral sobre os que não votam. Nem estes perdem qualquer direito de protestar, participar, criticar. Se continuam a pagar impostos e a contribuir para o dinamismo económico, cultural e social, bem, estão cobertos e mantêm toda a capacidade de crítica e de intervenção.

Isto dito, para mim, neste momento, quando há tanta gente perigosa que repudia a democracia, que promovem autoritarismos, veneram políticos autoritários e que, nos seus países e nos alheios, fazem por desgastar os processos democráticos, pretendem regressar a supostas épocas áureas que nunca existiram, espalham ódios e intolerância – bom, é altura para, diria, votar furiosamente para manter o bom das instituições e dos valores que temos e que merecem ser preservados.

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