O Douro entra-se-nos nos ossos

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A Cidade de Peso da Régua e toda a região adjacente foram eleitos Cidade do Vinho 2019.

Por essa razão é importante relembrar a Cidade e o Concelho de Peso da Régua, com Barcos Rabelo a deslizarem no rio, paisagem de socalcos em encostas ascendentes, as margens do Douro, a beleza singular da cidade que tem desde sempre uma ligação ao vinho e possui um museu que retrata toda a história da região.
Tudo saído de um sonho perfeito.

O centro das atenções irá recair sobre a extensa história que a Região Demarcada do Douro encerra, e de enorme responsabilidade, diga-se.
Mas é assim. O Douro: entra-se-nos nos ossos.

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Peso da Régua é uma cidade no distrito de Vila Real, situada junto ao rio Douro e que é considerada o centro da região demarcada na qual é produzido o conhecido Vinho do Porto. Fica na parte central da Linha do Douro, entre o Porto e Pocinho.

A Régua deve o seu desenvolvimento ao Marquês de Pombal que em 1756 criou a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e ordenou que se delimitassem com marcos de granito, ou marcos de Feitoria, as áreas de produção dos melhores vinhos.

Este processo incitou à selecção dos melhores terrenos para os melhores vinhos:
Catalogação da letra “A” a “H”, ou seja dos extremamente bons e excepcionais, aos piores ou menos bons.

Foi assim criada a primeira região demarcada do mundo.

São inúmeros os produtores ali instalados, sendo por isso de relevância suprema a cidade e todo o concelho de Peso da Régua na Região Demarcada do Douro.

A cidade e concelho são herdeiros de um solo único, no qual persistem séculos de autenticidade.

A tudo isto juntamos a tradição na produção de vinhos, cujos segredos se perpetuam entre famílias e gerações sucessivas.

Os vinhedos que dão origem ao Vinho do Porto situam-se nas encostas abruptas e grandiosas do rio Douro e dos seus afluentes a perder de vista.

O cultivo em socalcos, indispensável à instalação da cultura da vinha, originou uma paisagem deslumbrante, de características ímpares, construídas e cultivadas graças à perseverança de Homens.

Durante gerações cavaram a rocha mãe com “sangue, suor e lágrimas”, formando os típicos socalcos.

Os socalcos são uma imagem de marca do concelho de Peso da Régua, permitindo-nos apreciar a beleza à nossa volta e sentir crescer água na boca ao pensar numa visita e em passeios regados a vinho. Os socalcos, entrelaçam-se até ao infinito pelas curvas da paisagem, e formam a espinha dorsal desta região, definida por uma sucessão de bacias e dotaram a região de um carácter único.

Aos sufocantes Verões da região – quentes e secos – seguem-se Invernos agrestes.

O clima é adverso e de tipo mediterrânico.

O carácter nobre e delicado do Vinho do Porto tem origem nos solos pobres.

Especialmente constituído por xisto, que lhe confere protecção contra a erosão hídrica e boa permeabilidade às raízes e à água.

Zonas xistosas, retém mais água e no verão tórrido permitem a irrigação das plantas.

Em algumas zonas com solos graníticos, encontramos características ácidas, que se transmitem aos vinhos e lhes dá a longevidade que se conhece.

É numa zona tão hostil que nasce um dos vinhos mais apreciados do mundo inteiro.

Este é o principal mistério do Vinho do Porto.

Velhos tonéis com as suas colheitas esperam a sua vez para encher ou um vintage ou um Late Bottled Vintage, ou LBV. Os vintage são engarrafados após 2 anos. E os LBV pouco mais. Envelhecem em garrafa.

Talvez um dia destes lhes explique tudo. Sou uma leiga na matéria e ainda tenho muito a descobrir. Se quiserem, façam – me companhia.

A paisagem envolvente sobre a região é de uma enorme beleza.

O Alto Douro está classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.

O rio Douro, as vinhas nas suas margens íngremes, a vista a partir dos miradouros da região são únicos e tão entusiasmantes como os vinhos ali produzidos.

As antigas Estações de Caminho de Ferro com os azulejos alusivos ao Alto Douro Vinhateiro são dignas de contemplação. A história e o vinho legaram a Peso da Régua a sua condição natural de Capital da Região Demarcada do Douro. Os pergaminhos deste povo são os dos cultivadores, que há séculos desbravaram e fecundaram as terras, que ainda hoje cultivam, honrando a memória dos primeiros povoadores.

A toponímia desta região ficou marcada pela importância vitícola que o mundialmente afamado Vinho do Porto lhe concedeu. Pelos factores anteriores descritos são incontáveis os hectares de vinha plantada, bem como o interminável número de produtores. A maioria com potencialidade quer para produção de vinhos de enorme qualidade, bem como para o enoturismo.

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A juntar, têm o dom da arte de bem receber.

Ao longo de 2019 e como Cidade do Vinho desse ano, é tempo de visitar a cidade e a região vinhateira que vai muito além do néctar dos deuses.

Sabores ancestrais, os produtos tradicionais, a gastronomia e claro, a cultura.
Parta à aventura e desfrute do que a região tem para oferecer.

Lembrou-me um amigo de que a ligação entre o Peso da Régua e o Pinhão proporciona uma “viagem gloriosa”, com vista para a região vinícola do Douro, sendo considerada a estrada mais bonita do mundo.
Tem todo o ano de 2019 para celebrar o vinho e as delícias que circundam Peso da Régua.
Só falta fazer desse ano um ano em que se suspira o suspiro mais fundo — muito mais fundo que o fundo dos olhos, que o peito, que o mundo — para tentar inalar o que é a pura e incandescente beleza do Douro.

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