Esqueçam a festa homónima na discoteca Lux de há uns anos! Maria João Luís e Ricardo Neves-Neves querem arrasar Lisboa com uma versão de Alice no País das Maravilhas que promete ser uma peça de teatro para um mergulho na toca de coelho mais famosa, com a protagonista deste romance-maravilha. Uma produção com quatorze atores e uma orquestra. Cenários e figurinos cuidados.
Centrado na época vitoriana, com os seus constrangimentos sociais e políticos, Alice no País das Maravilhas desafia convenções e formas de escrever vigentes na época. Originalmente escrito em 1865 pelo inglês Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudónimo Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas renasce na sala Garrett do Teatro Dona Maria II, no virar do ano – ou seja, de 27 de Dezembro a 6 de Janeiro, já de 2019. A Capital Magazine falou com a dupla de encenadores que ataca o texto, sendo que Ricardo Neves-Neves fez a adaptação, e pôde confirmar um ambiente muito divertido no camarim de onde nos telefonaram – conforme combinado – e contaram um pouco da sua relação, à vez e ao mesmo tempo. “Sim conhecemo-nos através do Jorge Silva Melo [Artistas Unidos], eu estava a fazer um espectáculo, e sim, temos o Jorge como padrinho da nossa relação. Adorei a ‘Batalha De Não Sei Quê’, fiquei encantada com a simplicidade com que o Ricardo fazia aparecer a novidade no campo da dramaturgia. Descobri que ele descobre uma coisa muito simples mas muito profunda, a relação das pessoas umas com as outras. Abordei o Ricardo para fazer o ‘Conto de Natal’ de Charles Dickens. E ambos temos o gosto comum pelo absurdo!” explica Maria João Luís, atriz – também nesta peça – e encenadora que se mostra bastante entusiasmada com o projeto. É, aliás, a ligação ao absurdo, ao surrealismo e ao nonsense que unem os mestres deste espetáculo, Ricardo Neves-Neves no Teatro do Eléctrico (Lisboa – a nossa sede era na Amadora, mas desde 2015 que temos a sede nas Gaivotas, em Lisboa) e Maria João Luís no Teatro da Terra (Ponte de Sor).
O que é mais importante reter desta história de Alice é que “através da adaptação, e falei muito com a Maria João, queríamos fazer a Alice do Lewis Carrol da época vitoriana, deixando em aberto as várias possibilidades que o livro deixava. Escrever quase como se fosse o Lewis Carrol, passo a pretensão. Personagem importante e inspiradora, simbolicamente para o ser o humano e o nosso interesse para a pessoa que está ao nosso lado, a curiosidade, a observação (em relação ao coelho por exemplo), a forma de pensar e lidar ainda muito fresca para os dias de hoje” diz Ricardo. Relativamente ao que poderá encontrar o espectador quando for ver a peça pode-se falar de “uma possibilidade de voarem um pouco num ambiente poético” segundo Maria João Luís. Ainda segundo a encenadora, e questionada sobre uma certa contenção a propósito de uma certa ideia pré-concebida de que o espetáculo seria technicolor, Maria João Luís avançou-me: “põe technicolor nisso!!”
A equipa é gigante, o espetáculo é promissor, e a Capital Magazine aconselha a compra de bilhetes atempadamente. No Teatro Nacional Dona Maria II.