A forma como enfrenta a BESTÅ do IKEA pode definir o seu tipo psicológico

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Woman builds a furniture kit

Como se sente depois de um dia de agenda cheia e de contactos sociais? Energizado ou extenuado?

Quando olha para uma paisagem, a primeira impressão é a harmonia dos elementos ou, por exemplo, a espécie de árvores dominante?

Gosta de receber abraços ou mantém as devidas distâncias?

Lê as instruções do móvel do IKEA e verifica as peças antes de o montar? Ou começa na primeira figura e faz figas para não sobrar nenhuma?

A resposta a estas questões pode ser determinante para definir o seu perfil segundo o Myers-Briggs Type Indicator (MBTI). Vamos por partes.

O MBTI indica o nosso tipo de personalidade, de acordo com as quatro dicotomias especificadas pelo suíço Carl Jung na sua teoria do tipo psicológico (Psychological Types, 1921), depois de simplificadas pelas norte-americanas Isabel Briggs Myers e sua mãe, Katharine Cook Briggs.

As combinações destas quatro dicotomias resultam em 16 tipos psicológicos, segundo o MBTI. Conhecer o nosso perfil, ou reconhecer o de quem nos surge pela frente, equivale a uma tomada de consciência de quem somos e com quem lidamos. Sejam as relações pessoais ou profissionais. Esta é uma ferramenta que ajuda a comunicar melhor, a discernir a forma mais adequada de dar feedback, a tomar decisões e a fazer escolhas, a entender como reagimos à mudança, a liderar equipas e projetos.

Atenção que estamos a falar de preferências, e não de competências, ou seja para onde o indivíduo naturalmente tende e se sente confortável, sem exercer grande esforço. E não existem tipos psicológicos bons ou maus, existem tipos psicológicos diferentes e agradece-se essa diferença – que se transforma em complementaridade – nos mais diversos contextos. A diversidade ajuda a superar a adversidade. E é muito raro existirem tipos puros, na maioria das vezes situamo-nos entre os dois pólos de cada dimensão.

Mais informo que não sou nenhuma expert na matéria, mas tive a feliz oportunidade de frequentar recentemente a formação da Mercer/Jason Associates e aquelas quatro horas, depois de um almoço serrano, com tudo a que tive direito, foram das mais bem aproveitadas dos últimos tempos. Este artigo é, portanto, uma pequeníssima reflexão do que vivenciei e do que tenho tentado colocar em prática desde então.

Há muitos testes disponíveis na Internet mas aconselho uma sessão guiada por um especialista, com exercícios práticos individuais e em grupo. Sabem porquê? É fácil confundir preferência com competência se esta já está incutida no nosso ADN diário. Por vezes, até dá jeito. Porque achamos que ficamos mais bem vistos. O formador ajuda a desconstruir e a desconstruirmo-nos.

 

Quais são então as quatro dicotomias?

As quatro dicotomias do MBTI são constituídas pela composição de quatro pares de letras que constituem um de 16 possíveis perfis:

Extroversion ou Introversion

Sensing ou Intuiton

Thinking ou Feeling

Judging ou Perceiving

Extraversion ou Introversion: antes de mais não é extrovertido ou introvertido. Por exemplo, eu sou uma introverted mais para o extrovertido. E há tímidos extroverted. Confuso?

A principal pergunta a que deve responder é: onde foca a sua atenção, ou como prefere ser energizado?

Concretizando com a primeira questão no início: como se sente depois de um dia de agenda cheia e de contactos sociais? Se “cheio de pica” e ainda quer ir beber um copo depois de 16 horas de trabalho intenso, muito provavelmente será um E. Porque um I quer é descansar e “recarregar baterias” para o dia seguinte.

Os E ganham energia com a interação, são virados para fora, são aquelas pessoas que gostam de entrar no carro e começam logo a falar ao telemóvel. Têm dificuldade em estar muito tempo sozinhas e não sentem falta do recolhimento, ao contrário dos I.

Por outro lado, os I são mais contidos e ganham energia com a concentração e contemplação, ou seja, têm uma natureza virada para o interior. Apreciam e agradecem o silêncio, depois de um dia de agenda cheia e muitos contactos sociais.

Volto a salientar que estamos a falar de preferências, de onde nos sentimos confortáveis. E reitero que não somos puros (eu sou I predominante, mas com uma forte percentagem de E), mas há sempre um lado com o qual naturalmente nos identificamos.

Sensing ou Intuition: corresponde à abordagem top down contra bottom up. (parte do todo para o detalhe, ou centra-se no detalhe e só depois vê o todo?)

A principal pergunta a que deve responder é: A que tipo de informação prefere dar atenção?

A resposta à questão inicial da paisagem dissipa-lhe as dúvidas. Imagine-se com uma vista privilegiada para o amanhecer em plena planície alentejana. Agora descreva o que lhe salta primeiro à vista: a harmonia dos elementos e a beleza da paisagem como um todo – neste caso será um N – ou os sobreiros e oliveiras, o ninho de cegonhas ou a paleta de cores dominante no cenário – o que faz de si um S?

Um Sensing prefere informação específica e factos, enquanto um Intuition privilegia associações e ideias, confia mais na inspiração e segue a intuição. É a dicotomia da árvore versus floresta. Ou do zoom versus grande angular.

Thinking ou Feeling: esta é a abordagem onde se pode ser mais propenso a fazer batota. Ou a querer engarmo-nos para ficar bem na fotografia. Aquela onde pode ser doloroso perceber que podemos ser mais emocionais do que gostaríamos (“lamechas”, mesmo!); ou mais cerebrais do que (nos) achávamos. Foi a abordagem mais demorada da sessão, a que exigiu mais tempo e prática. E percebemos bem o porquê.

A principal pergunta a que deve responder é: Como prefere analisar a informação e tomar decisões?

Orientado pela lógica objetiva e princípios consistentes, ou pelo sentimento e os valores pessoais, isto é, por critérios subjetivos?

Vamos a exemplos: cumpriu uma tarefa e é chamado ao gabinete do chefe, o que prefere que ele lhe diga inicialmente 1) “Atingiste o objetivo” ou 2) “Fizeste isto mesmo bem feito e és uma peça fundamental da equipa. (de preferência com um tom efusivo e uma palmadinha nas costas). A resposta é fácil. O T quer objetividade, “straight to the point”, a competência traduzida em factos e números, o F quer ser elogiado e valorizado num primeiro momento.

Se o chefe conhecer os perfis dos seus colaboradores, irá ajustar a abordagem para promover a proximidade e os futuros bons resultados. Esta é uma das razões pelas quais o MBTI é uma ferramenta tão poderosa em contextos profissionais.

Regressando à questão inicial dos abraços, percebe-se que os F gostem naturalmente mais de toque, sejam pessoas que apreciem um bom abraço. Os T gostam de manter as distâncias. Eu assumo-me uma F muito forte.

Judging ou Perceiving é a dimensão da organização versus improviso. Ou seguir procedimentos versus abraçar mudança. Programar todos os passos da viagem ou deixar o programa aberto para adaptar ao clima e vontade do dia.

A principal pergunta a que deve responder é: Como prefere lidar com o mundo à sua volta?

Vamos lá montar o móvel do IKEA. Se for como eu, passo os olhos pelo folheto, e começo a montar, sem planear nem contar as peças, confiante de que no final terei uma bela BESTA. Às vezes, tenho sorte, outras nem por isso. É como o manual da máquina fotográfica ou um qualquer eletrodoméstico. É começar a utilizar… e ter fé.

Por isso, se prefere ter uma vida programada e organizada, com check-lists e listas imaculadas para idas ao supermercado, será com uma enorme probabilidade um J. Se por outro lado, está aberto a novas experiências e informações, é sobejamente conhecido na arte do desenrascanço, e vive de forma mais flexível, poderá ser um P.

Ora a combinação destas quatro dimensões dá-nos o perfil MBTI. Deixo-vos o meu, sou uma INFP, ou uma Healer (Curadora), já que a cada perfil é atribuído um nome e uma descrição. E muito mais haveria a dizer sobre o tema, com as diferentes conjugações possíveis, funções mentais, tipo de tarefas preferido, tanto para (auto) descobrir.

Deixo uma frase retirada do manual que nos foi entregue: “O MBTI é usado para abrir novas possibilidades e não para nos limitar”. Tenho sido testemunha do quanto este conhecimento melhora a forma como as pessoas se relacionam. Considero mesmo que se os Curriculum Vitae indicassem o perfil de cada candidato, os processos de recrutamento e de seleção seriam bem mais simples.

(Nota: Aconselho a formação com um especialista certificado que assegura uma maior precisão. Se quiser começar a explorar o tema e a fazer o teste online, vá a www.16personalities.com ou https://www.myersbriggs.org/)

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