São vários os czares que desfilam neste primeiro volume. Ivan, o Terrível. Pedro, o Grande. Catarina, a Grande. A ascensão de uma classe dominante na Rússia, nação imperialista e de vasto território.
O meu fascínio cresce com as reformas de Pedro e a construção de São Petersburgo, no corte com o passado e modernização da grande potência que vai do ocidente ao oriente. Os pormenores das obras e a contratação dos melhores arquitectos europeus, o fascínio por anões (que também tinham o seu próprio palácio), as festas regadas até altas horas, sem aparente regras – tudo são motivos de interesse que nos prendem ao livro.
Montefiore vai contando a história Russa como se fosse um romance. São vários os traços dos Romanov que explicam a forma como vemos, mais tarde, os regimes autoritários que caracterizaram grande parte da história do século XX e porque é que falamos de um país em constante posição de ameaça e defesa. É impossível não ligarmos Lenine, Estaline ou até mesmo Putin a traços de personalidade e hábitos desta poderosa dinastia. O desejo de domínio, a resistência militante: tudo são aspectos que resultam deste autoritarismo, a vontade constante de invadir e conquistar a fronteira, vergar o inimigo.
Catarina Primeira é talvez a personagem que mais me surpreendeu, pela ascensão meteórica que levou a cabo. Chega à corte como serva (supostamente de ascendência sueca) e conquista os amores de Pedro, com quem vem a casar em segredo. Consegue impor-se como Imperatriz Consorte a partir de 1712 e é a primeira mulher a governar a Rússia.
Pedro e Catarina, a história de um romance que levou a mãe Rússia a um patamar nunca visto, com a saída da corte de Moscovo e a construção de uma cidade imperial, à imagem do melhor que se fazia nos finais do século XVII e inícios do XVIII. O livro ganha fôlego com a descoberta das suas vidas; podemos ver como impunham o poder (pela lei da força e aniquilamento dos seus inimigos), o alargamento e defesa do território, a descrição das festas da corte, as suas intrigas, esquemas e traições.
Simon Sebag Montefiore, um descendente judeu, jornalista e especialista em história da Rússia, publica toda a vida dos Romanov. Neste primeiro volume, viajamos de 1613 até 1825, acompanhando a ascensão, loucura e poder desta família. Assassinatos, esquemas da corte, controlo pela força. Tudo são temas quentes que nos deixam presos até ao fim, desejosos de chegar ao segundo volume, que tratará do declínio e da desgraça dos Czares – até ao seu desaparecimento.
- Os Romanov (1613-1825) é publicado em Portugal pela Editorial Presença