McQueen, o filme, estreia nas salas de cinema portuguesas no dia 4 de outubro. Nós vimos o documentário sobre a vida do criador de moda Alexander McQueen e aqui mostramos as primeiras impressões.
Estreia no dia 4 de outubro o filme McQueen, um documentário realizado por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, sobre a vida e obra de Alexander McQueen um dos designers de moda mais disruptivos do século XXI. O filme é composto por filmagens amadoras que o próprio McQueen fez ao longo da sua fulgurante trajetória, entrevistas a familiares, amigos e colaboradores mais próximos, manequins, jornalistas feitas hoje e registos visuais do passado recente: desfiles, entrevistas à saída das semanas de moda, entrevistas de vida ao designer, à sua mãe.
A montagem do filme composto por registos tão diferentes é magistral e confere à película um ritmo crescente que, como num thriller, cria ansiedade no espectador. Depois do clímax que vai sendo indiciado ao longo da maior parte dos 111 minutos do filme, os realizadores jogam novamente com as emoções e a catarse da audiência acontece (chegando, em alguns casos, às lágrimas). A forma clássica de edição do filme faz dele um documentário inovador que condiz com inteiramente com o protagonista desta história: um génio com uma vida rápida, curta que marcará durante muitos anos a indústria da moda.
Alexander McQueen, Lee para os amigos, é retratado como um bom rapaz oriundo de uma família modesta – “não eramos aquilo a que se costumava chamar pobres”, diz a mãe de McQueen, “embora tivéssemos 6 filhos, o meu marido era taxista em Londres” – que rompe com o destino que parecia estar traçado desde a nascença. Descobre a alfaiataria num anúncio de jornal, torna-se aprendiz de um dos alfaiates mais tradicionais da capital inglesa e desde esse momento não para de pesquisar. Do casaco perfeito passa para linhas de peças de roupa estruturadas e com uma narrativa por detrás, que começa por causar escândalo quando apresenta as primeiras coleções. Mas, até se tornar aclamado pela imprensa especializada e pela indústria da moda, é um instante.
O lado mais íntimo de McQueen é também retratado no filme até porque como o criador afirma numa entrevista “tudo o que faço é pessoal“. Na sua obra estão as referências à violência sexual de que foi vítima, à violência sobre as mulheres a que assistiu, à transformação do feio em beleza e à solidão.
Em McQueen, o criador de moda, é apresentado como genial, egocêntrico, generoso, ingrato… sim, incoerente, com uma enorme força de vontade e uma inquietude constante, uma impossibilidade de se adaptar ao mundo, uma maneira de ser anti-sistema e com um afeto gigantesco pela família. O filme é um retrato das subtilezas e contradições que farão de Alexander, para sempre, uma referência incontornável da moda.