A convite do governo de Taiwan estou esta semana em Taipei (a capital, que é no extremo norte do país), com um pulo amanhã a Taichung (a terceira maior cidade, a meio da ilha), para me mostrarem – e a um grupo de jornalistas e de pessoas ligadas à comunicação e aos novos media – o que está a ser feito pelos nossos anfitriões para promover a igualdade de género. Escreverei com tempo sobre isto, mas deixo aqui já algumas imagens do dia de hoje.

Estivemos no Laboratório de Inovação Social, uma iniciativa do governo para promover a participação das mulheres na economia produtiva e ajudá-las a criar empresas. Falámos com a diretora geral do departamento governamental que lida com as PME, do ministério da economia. Uma senhora de inglês fluente chamada Pei-ti Hu. Perguntei pelo financiamento para as ditas empresas – como uma das intervenientes, Sandy Wu, criadora de um acelerador de start ups de mulheres constatou, o capital é a maior dificuldade para se constituir uma empresa em Taiwan – porque há abundantes dados que mostram que as mulheres têm mais vezes financiamento recusado do que os homens na hora de montar negócio e, quando não há recusa, é-lhes concedido menor financiamento. Responderam que havia um empréstimo que o governo tinha negociado com os bancos a que as mulheres podiam recorrer se não tivessem financiamento obtido diretamente. (Não consegui saber quantas mulheres ao certo recorrem a este empréstimo nem se há limite – para cada empréstimo e para o total de empréstimos).

As partes mais interessantes foram, claro, os testemunhos das empresárias. Eram três, duas muito novinhas, com ideias revolucionárias – uma na produção de alimentos orgânicos outra na restauração. Mais a senhora do acelerador. Com aquela qualidade das mulheres orientais que eu tanto gosto: uma aparência delicada, muito feminina, duas delas (a mais velha e uma das mais novas) extremamente bonitas, por cima de uma vontade férrea e, até, uma certa implacabilidade.

As intenções do governo, por muito boas que sejam – e como nos outros países -, nem sempre resultam. Mas resultam às vezes, as histórias destas mulheres mudaram porque se percebeu que não se pode ficar à espera da mudança que as forças sociais e culturais impedem. Não é pouco.