Fotografia da Isabel Santiago Henriques
Como é evidente, o que custa é criá-los. Por várias razões:
- Porque a média dos salários é baixa e a carga fiscal é alta. Já é difícil que chegue aguentar salários de mil euros até ao final do mês sem filhos.
- Porque não há creches suficientes e as que existem são muito caras. As IPSS raramente têm vagas e fazem com que um casal com rendimentos pouco acima da mediania vá automaticamente parar ao escalão máximo, o que lhe garante uma renda mensal de mais de 400 euros só para ter onde deixar a criança durante o dia.
- Porque as cidades não facilitam a mobilidade. Os transportes não são excelentes (nalguns casos nem existem), as vias de comunicação estão entupidas a cada instante.
- Porque os horários de trabalho não são pensados em função da organização familiar.
- Porque existe uma política cultural nas empresas que diz que o trabalho vem sempre primeiro.
- Porque os homens não são encorajados a participar na vida familiar – o que, na prática, os discrimina tanto como as mulheres.
Isto é bom para início de discussão. Temo, porém, é que estejamos mais uma vez em início de discussão e que esta, como as outras, acabe por não chegar a lado nenhum.