Esta é a história de uma mulher que se orgulha das suas competências profissionais, do seu curto mas eficaz percurso profissional e que preza acima de tudo o mérito. Alguma vez esta mulher aceitaria um qualquer lugar se o critério de decisão não fosse o do mérito? Nunca! E quotas. Iria aceitá-las? Nem pensar. Seriam um atentado à dignidade da mulher.
Pois, esta mulher seria eu. Há mais de 20 anos. Mas o tempo é sábio e a idade oferece-nos o bom senso e a humildade para repensarmos as nossas posições. E eu mudei a minha. Bastou-me olhar para a nossa realidade socioprofissional que tarda em mudar. Os números não enganam. De uma forma geral, as mulheres ganham menos por efetuar o mesmo trabalho que os homens. Segundo o CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego) as nossas compatriotas ganham, em média, menos 16,7% na remuneração média mensal e 19,9% no ganho médio mensal (o que inclui outras componentes do salário). Embora os dados se refiram a 2015 não me parece que o panorama tenha evoluído muito até aqui.
Existe ainda uma escassez gritante de mulheres nos centros de decisão. Segundo um estudo da Informa DB (“Participação feminina na gestão das empresas em Portugal”) só 12,2% das mulheres têm assento nos conselhos de Administração de empresas cotadas. E, no vastíssimo tecido empresarial português, as mulheres representam apenas um terço no que toca ao poder de decisão. Perguntam-me agora: gostas de quotas? E eu respondo: Não. E as quotas são necessárias? A resposta é óbvia. Sim, e muito. A lei é fundamental para apressar uma alteração urgente na paridade homem/mulher. Há tantas e tantas mulheres a sair da universidade com notas brilhantes e com um conjunto de soft skills ideais para a liderança. Então porque não lideram?
A mulher do passado acreditava que o mérito bastava por si só. A mulher do presente, acredita que o mérito da mulher deve ser protegido. Anseio pelo tempo em que as quotas não serão necessárias e acredito que esse momento não deverá tardar. Mas até lá…há que promover a igualdade de oportunidades.
Com 26 anos de experiência em comunicação e outros tantos em assuntos, Domingas é, atualmente CEO e proprietária da Wisdom Consulting. Mulher de causas tem dedicado uma boa parte do seu tempo a apoiar IPSS’s . Atualmente é Presidente da AG da APRICEM e integra o Conselho Consultivo da Maratona da Saúde. Tem 52 anos, é casada, tem um filho e três enteados. Considera-se uma democrata-cristã que simpatiza e apoia algumas posições liberais .